CROSP apoia a campanha Maio Vermelho

 

Ação acontece anualmente com o objetivo de promover a prevenção do câncer bucal.

A campanha Maio Vermelho promove a conscientização sobre o câncer bucal.
Foto: Bruno Masayuki Saito Alves.

Anualmente, a campanha Maio Vermelho promove a conscientização sobre o câncer bucal e chama a atenção da população para a importância da prevenção, visto que a doença ainda apresenta alta taxa de mortalidade. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) apoia a ação e salienta a importância do Cirurgião-Dentista frente ao diagnóstico e tratamento.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer é um problema de saúde pública mundial. Na última década, ocorreu um aumento de 20% na incidência da doença. Para 2023, a expectativa é de mais de 25 milhões de casos novos, sendo que são esperados 704 mil novos diagnósticos de câncer para o triênio 2023-2025.

Ainda segundo o INCA, a estimativa para 2023 sobre a incidência da doença no Brasil, é de que o câncer da cavidade oral ocupe a oitava posição entre os tipos mais frequentes. Em homens, é o quarto mais frequente na Região Sudeste (13,16 por 100 mil) e, entre as mulheres, é o 13º nas Regiões Sudeste (4,37 por 100 mil). No Brasil, em 2020, ocorreram 6.192 óbitos por câncer da cavidade oral.

Alerta aos sinais

A campanha Maio Vermelho busca alertar a população para que fique atenta aos sinais de lesões na cavidade bucal e aos fatores de risco, já que o diagnóstico tardio é um dos principais motivos de morte. O Cirurgião-Dentista e membro da Câmara Técnica de Estomatologia do CROSP, Dr. Vinicius Pioli Zanetin, lembra que o exame clinico é simples e pode ser realizado por um Cirurgião-Dentista de forma rotineira.

“É importante ressaltar que o diagnóstico precoce do câncer bucal é determinante, pois, apesar dos avanços nas formas de tratamento, como por exemplo a cirurgia, radioterapia e quimioterapia, a taxa de sobrevivência de cinco anos não evoluiu ao longo das últimas décadas, permanecendo em cerca de 50% a 55%”.

O especialista esclarece que, entre os cânceres que ocorrem na boca, 90% a 95% referem-se ao carcinoma epidermoide, também chamado de espinocelular ou de células escamosas. Segundo ele, embora o carcinoma epidermoide seja uma doença inicialmente assintomática, podem ser observadas algumas alterações que podem até mimetizar condições benignas comuns da boca.

“Citando meu colega e Presidente da Câmara Técnica de Estomatologia do CROSP, Dr. Fabio Alves, alguns sinais e sintomas devem ser observados, como feridas (ulcerações) na boca que não cicatrizam em menos de 15 dias (sinal mais comum), com bordas elevadas, endurecidas, com centro necrosado, inicialmente indolor, porém em fases mais tardias já com relato de dor, área avermelhada e/ou esbranquiçada em qualquer local da boca, com dificuldade para mastigar, engolir, dificuldade de movimentação da mandíbula ou da língua, com possível presença de nódulos persistentes, inclusive no pescoço, podendo ocorrer halitose severa e perda de peso acentuada”.

Fatores de risco

Os fatores de risco mais associados ao câncer bucal são, principalmente, o tabagismo e o alcoolismo. Além do cigarro, Dr. Vinicius cita também o cachimbo, o charuto, o tabaco de mascar, o vaper (cigarro eletrônico) e o narguilé. O cachimbo, segundo ele, afeta mais a região dos lábios e o tabaco de mascar está mais relacionado com câncer de bochecha, gengiva e superfície interna dos lábios. “O consumo de álcool, por sua vez, associado com o tabagismo leva a um risco 30 vezes maior de desenvolver câncer do que o risco de pessoas que não fumam ou bebem”, alerta.

Ainda de acordo com Dr. Vinicius, o gênero também está associado, pois, segundo as estatísticas, dois terços dos pacientes são homens, brancos, acima dos 55 anos, com mais possibilidade de desenvolver o carcinoma em boca que as mulheres. “A dieta e o excesso de peso corporal são correlacionados, pois vários estudos mostraram que uma dieta pobre em frutas e vegetais está associada a um aumento de risco de câncer, assim como manter uma dieta rica em vegetais sem amido e frutas inteiras diminui o risco”.

Quanto ao Papilomavírus Humano, que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), o Cirurgião-Dentista explica que ele tem sido associado ao aumento dos números de casos de câncer de orofaringe nas últimas décadas, devido a diversos fatores, mas principalmente em pessoas mais jovens com histórico de múltiplos parceiros sexuais. Dr. Vinicius lembra que o sexo oral e o HPV levam a uma maior predisposição ao câncer de boca. Por isso, é importante usar preservativo durante a prática.

Outro fator diz respeito à exposição à radiação ultravioleta. De acordo com Dr. Vinicius, ela está associada principalmente ao câncer de lábio, pois é mais comum em pessoas que trabalham em áreas externas, com uma exposição prolongada ao sol. “Por fim, e obviamente, a atenção ao histórico do quadro genético devido a mutações hereditárias em determinados genes provocam um risco elevado de desenvolver o câncer de boca e garganta, além de outros tipos”.

Diagnóstico

O principal método de diagnóstico, de acordo com Dr. Vinicius, é o exame clínico visual, sendo recomendado o autoexame como uma medida para a descoberta precoce da doença. A confirmação se dá por meio de biópsia da lesão, com o devido encaminhamento para o laudo anatomopatológico. Quando diagnosticada logo no início, as chances de a doença causar sequelas maiores após o tratamento diminuem.

Além da retirada do tumor, o tratamento é multiprofissional, com o suporte de médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos, Cirurgiões-Dentistas, fisioterapeutas e nutricionistas, fundamentais para a recuperação do paciente.

Ação importantíssima

Para o especialista, a importância de ações de prevenção e promoção de saúde como as campanhas de rastreamento e prevenção ao câncer de boca se devem ao fato que, mesmo com a facilidade da hipótese diagnóstica clínica, com o conhecimento da existência de lesões precursoras (lesões com potencial de malignização) e de fatores de risco reconhecidamente envolvidos em grande parte dos casos, poucos resultados têm sido obtidos no tocante à sua prevenção junto às populações.

“Em nosso país, o índice de identificação de lesões malignas iniciais na boca é muito baixo, correspondendo a menos de 10% dos casos diagnosticados. No caso do profissional Cirurgião-Dentista, o especialista na área de Estomatologia é o que habitualmente atua no diagnóstico e no pré, trans e pós-tratamento oncológico”.

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