Reforma tributária vai mexer no bolso do brasileiro: entenda as mudanças

Advogado tributarista explica que setor de serviços deve ser um dos mais afetados e, com isso, preços de produtos podem subir para o consumidor.

Muitos setores da economia podem ter aumento nos tributos. Mas também poderão haver reduções.

A reforma tributária, que começa a ser votada nesta semana, vai mexer com o bolso do brasileiro. De acordo com o advogado tributarista Samir Nemer, muitos setores da economia podem ter aumento nos tributos com a aplicação do Imposto sobre o Valor Adicionado (IVA), o tributo único previsto na reforma, um de âmbito nacional (que substituiria os tributos federais IPI, Pis e Cofins), e outro de âmbito subnacional (que substituiria o tributo estadual ICMS e o municipal ISS).

Um dos principais setores afetados é o de serviços, o que pesaria também no bolso do consumidor. “O setor é o que mais emprega no país e tem uma carga tributária atual que varia de 8,5% a 10%. Se nada mudar, o segmento vai ser tributado em 25%, que seria a alíquota cheia estimada. Isso significa um aumento de quase 200% de tributos e, para quem presta serviços, o valor é inviável. O profissional não tem condição de absorver todo esse aumento ou passá-lo para o cliente. O valor de produtos no comércio, por exemplo, e o de serviços prestados por profissionais liberais vai aumentar e pode comprometer a renda do brasileiro. Se nada for feito em prol do setor de serviços, podem haver sérias consequências, como o desemprego, devido ao tributo elevado.”.

AGRONEGÓCIO

Outro setor que pode ter mais impostos e, com isso, aumentar os preços dos produtos finais para o consumidor, é o agronegócio. Atualmente, é praticada uma tributação de 8,25%, mas, de acordo com a reforma tributária atual, a carga de tributos chegaria a 25%.

Por outro lado, de acordo com Nemer, há previsão de redução de 50% sobre uma série de itens, ou seja, a tributação iria de 25% para 12,5%. Entram nesta lista serviços como o transporte público, alimentos e produtos de higiene da cesta básica, medicamentos e dispositivos médicos, serviços de saúde, serviços de educação, produtos e insumos agropecuários, pesqueiros e extrativistas, além de atividades culturais e artísticas, entre outros.

“Um ponto positivo para os consumidores é a alíquota zerada para alguns medicamentos especiais, como os de tratamento de câncer, e para os serviços de educação superior no Prouni. Além disso, pequenos produtores agropecuários também vão ter esse benefício”, frisou Nemer, sócio do escritório FurtadoNemer Advogados.

Samir Nemer, sócio do escritório FurtadoNemer Advogados.

IMPOSTO SELETIVO

Já com relação a produtos prejudiciais ao meio ambiente e à saúde, haverá o chamado imposto seletivo. “Será uma alíquota maior para desestimular a compra e consumo desses produtos. Com isso, cigarro, cerveja, vinho e uísque, por exemplo, vão ficar mais caros para o consumidor. Para esse imposto seletivo, há uma previsão de uma alíquota até 50% maior, mas o percentual exato e todos os produtos da lista ainda não foram definidos”.

A reforma prevê ainda o “cashback” de impostos, ou seja, um mecanismo de devolução de parte do imposto paga pelo cidadão. A proposta é ter como referência o Cadastro Único (CadÚnico), usado para outros programas sociais, e que deve ser utilizado para listar os beneficiários desse retorno de impostos para o bolso do brasileiro. “Com isso, ao comprar um produto e informar o CPF, o consumidor de baixa renda teria a devolução do imposto. Mas o governo ainda debate como será feita esta restituição”, ressaltou Nemer.

No Brasil, seria possível beneficiar 72,4 milhões de pessoas com o programa. Isso resultaria no potencial de R$ 9,8 bilhões ao ano de devolução de imposto, segundo a plataforma Pra Ser Justo.

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