Nutróloga fala sobre os problemas com a carne vermelha

Vários dos nutrientes e constituintes da carne vermelha têm sido associados a piora nos resultados de saúde, como doenças cardiovasculares e câncer.

As carnes com mais gordura e as processadas, como bacon, toucinho, salsicha, linguiça e salame, são as mais prejudiciais à saúde.

Ultimamente, vários estudos têm avaliado que dietas baseadas no aumento do consumo de vegetais e na diminuição da carne estão ligadas à longevidade saudável, reduzindo a chance de ter doenças cardiovasculares e câncer. Por que será, afinal, que o consumo da carne vermelha está em xeque? “A carne vermelha conta a com presença de ácidos graxos saturados, monoinsaturados e pequenas quantidades de poli-insaturados. Quando há uma alta proporção de ácidos graxos saturados de origem animal na dieta, alguns estudos mostram que há um aumento no risco de complicações de saúde, como obesidade, doenças hepáticas e cardiovasculares. O consumo de ácidos graxos saturados é considerado um importante fator para o aumento das concentrações séricas de colesterol total e LDL e na redução de HDL, o colesterol bom, o que caracteriza um perfil lipídico infamatório e aterogênico, fator de risco para as doenças cardiovasculares”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “As carnes brancas, especialmente os peixes, são melhores para a saúde do que as carnes vermelhas porque, em geral, possuem menos gorduras e colesterol, sendo também mais fáceis de digerir”, completa.

Além disso, o consumo de gorduras saturadas proporciona uma menor liberação de proteínas relacionadas à saciedade, quando comparadas a outros ácidos graxos, o que pode levar a uma maior ingestão calórica e um balanço energético positivo, uma das principais causas da obesidade. Segundo a médica, uma forma de ‘corrigir’ esse problema é balancear a dieta. “Com uma melhor compreensão de que as carnes vermelhas podem ser prejudiciais à saúde, há uma oportunidade de diminuir a ingestão e as substituir por outras carnes, como peixes, carnes brancas e outras fontes proteicas mais saudáveis”, sugere a médica. Os benefícios para a saúde de uma dieta bem elaborada são mais bem documentados, incluindo redução da inflamação e menor risco de doença arterial coronariana, e associados ao aumento do consumo de fontes proteicas sem grandes concentrações de gorduras saturadas.

Esse equilíbrio na dieta pode ser feito por meio do aumento do consumo da proteína vegetal ou ovo e carnes magras. “A carne vermelha pode ser consumida duas vezes por semana. É interessante lembrar que, embora associada a problemas de saúde, esse tipo de carne vermelha também contém nutrientes benéficos como aminoácidos essenciais, ferro, zinco e vitaminas do complexo B, particularmente a B12 e vitamina K”, afirma a médica.

As carnes vermelhas incluem as de vaca, de vitela, de porco, de cordeiro, de carneiro, de cavalo, de cabra, de coelho e de avestruz, enquanto as carnes brancas são as de frango, pato, peru, ganso e peixes. “A carne vermelha contém maior quantidade de ferro na sua composição, por isso é bem indicada no combate à anemia, principalmente nos grupos de risco, que incluem crianças, gestantes e idosos. O zinco que se apresenta em boas concentrações nesse tipo de carne é importante para o crescimento e funcionamento do sistema imune”, diz a médica.

Por fim, as evidências crescentes de que o conteúdo nutricional das carnes pode ser influenciado pelo processo de produção que recebem, embasam argumentos para esse fator também impactar as recomendações dietéticas. Vários países, como Austrália, EUA e Noruega, emitiram recomendações aos seus cidadãos nos últimos 10 anos para reduzir o consumo de carne vermelha, tanto por causa das preocupações ambientais associadas ao consumo de carne vermelha quanto por aspectos de saúde. “Pessoas com níveis de colesterol alterados, altos níveis séricos de ferro, portadores de doenças cardiovasculares e doenças metabólicas devem reduzir as quantidades de carne vermelha na dieta. É importante lembrar que as carnes com mais gordura e as processadas, como bacon, toucinho, salsicha, linguiça e salame, são as mais prejudiciais à saúde e devem ter seu consumo restrito”, finaliza.

FONTE: *DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

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