Líderes e autoridades debatem ações para retomada do crescimento brasileiro durante o 16º Fórum Empresarial LIDE

Reformas da Previdência, Trabalhista, Política e Tributária, Lava Jato, Saúde, educação de qualidade permearam os temas discutidos no evento. Confiança, otimismo, coragem, transparência e persistência foram palavras de ordem nos discursos.

Luiz Fernando Furlan, Chairman do LIDE, abriu os trabalhos com uma mensagem de otimismo. (Fotos: Juan Guerra)

Líderes empresariais se juntaram a autoridades políticas e personalidades para debater, na manhã desta sexta-feira (21), as “As ações necessárias para a retomada do crescimento brasileiro”, tema do seminário que integra a programação do 16º Fórum Empresarial. Promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, o evento reúne quem acredita e trabalha por um Brasil melhor, além de promover um diálogo entre os setores público e privado. Neste ano, além de autoridades, o seminário reúne 400 CEOs, presidentes e outras lideranças corporativas, entre 20 e 23 de abril, no Hotel Wish Resort Golf Convention, em Foz do Iguaçu/PR. 

Luiz Fernando Furlan, Chairman do LIDE, abriu os trabalhos com uma mensagem de otimismo: “O cemitério está cheio de pessimistas e sei que aqui temos só otimistas. Há muitos motivos para termos otimismo. A balança comercial está fechando em 20 bilhões de dólares de saldo em apenas 4 meses; as exportações crescem; a indústria começa a dar sinais de recuperação. Mas o que mais me chamou a atenção foi que o maior banco privado do Brasil prevê 4% de crescimento com 4% de inflação no próximo ano. Taxas de juros também estão caindo. Precisamos olhar as oportunidades que se apresentam aqui com atenção, pois a economia está caminhando”.  

Também otimista, o governador do Paraná, Beto Richa, afirmou que“nunca estivemos tão próximos da aprovação das reformas, o que contribuirá, tenho certeza, para o crescimento do país e da geração de empregos”. 

Para Beto Richa, o Brasil nunca esteve tão próximo da aprovação das reformas.

Educação de qualidade já

Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna e Ricardo Paes de Barros fizeram breve apresentação que abordou O papel da educação no crescimento econômico em um momento de rápida transição demográfica. “Rapidez. Palavra cara para o momento de transição demográfica. A população ativa cresceu muito: 65 milhões – mais que 90% da população da maioria dos países do mundo -, de adultos que não tem dependentes. Isso é uma tremenda ajuda para o crescimento econômico. A partir de 2030 a maioria será idosos. O problema é que o gasto com o idoso é seis vezes mais do que com uma criança. 50 milhões de jovens até 2025 – essa é a nossa grande janela de oportunidade. Para isso, precisamos de qualidade na educação. O aumento do PIB é proporcional ao crescimento na escolaridade da força de trabalho. A educação no Brasil não trouxe produtividade porque é de péssima qualidade. Para aproveitarmos a transição demográfica, precisamos de educação de qualidade”.  

Segundo Viviane, a transição demográfica no Brasil está ocorrendo em 20 anos, sendo que na França isso ocorreu em 120 anos. “Teremos que escolher envelhecer ricos, como fez a Coreia, e não é o que está sendo feito no Brasil. A reforma da Previdência é imprescindível, mas só ela não dará conta da transformação da educação produtiva. 50% dessa mudança tem a ver com a reforma e o restante é a educação. Mas precisamos ser ágeis e focar no Ensino Médio. Desenhamos um novo modelo para o EM, que teve resultados excelentes. Se aplicarmos esse modelo, em três anos levaríamos o Brasil para o mesmo nível dos Estados Unidos. Não podemos continuar com esse voo de galinha, que cresce e cai, cresce e cai. Não podemos desperdiçar a juventude do Brasil”, finalizou. 

Viviane Senna, na foto com Gustavo Ene, fez uma apresentação sobre o papel da educação no crescimento econômico na transição.

Gestores de RH

Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, disse que essa crise econômica é irracional. As receitas caíram e as despesas estão congeladas. Essa reforma do Estado precisa acontecer, ser flexível. Hoje, somos gestores de RH, pois não sobra mais recurso nenhum. Nosso grande desafio é defendermos as reformas mesmo que nos consideram vilões. Precisamos ter coragem de falar por 90% de brasileiros, que não são servidores públicos. Quando vemos a Polícia Civil depredar o parlamento, percebemos que há algo muito grave ocorrendo. Temos dois eixos de trabalho importantes pela frente – reformas trabalhista e previdência, depois a tributária. Nossa agenda é difícil, mas precisamos enfrentá-la”. 

Questionado sobre redução de gastos, Maia disse que está fazendo o que pode. “A Câmara não aplicará aumento automático e acabamos com o trabalho noturno para citar dois exemplos. Por outro lado, estamos engessados, pois não podemos demitir. E para cada dois funcionários você tem uma gratificação. Isso é inacreditável e precisamos tentar mudar”.  

Para Dyogo Oliveira, ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o líder não pode se furtar de liderar. “Estamos num momento muito confuso e precisamos das lideranças para enfrentar os desafios que temos pela frente. “Já estamos na retomada do crescimento com a estabilização gradual das contas públicas com transparência nos números; reformas estruturantes para meta fiscal; gestão de gastos públicos – só a revisão do auxílio doença gerará 7 bilhões de reais de economia; reforma trabalhista; parcerias público-privadas; redução da intervenção do estado. A despesa do governo federal com previdência hoje é 720 bilhões de reais com pagamento de aposentadorias. Isso é mais de 55% da despesa total. O investimento do governo federal é de 40 bilhões de reais. Na Saúde – 115 bilhões; e na Educação – 120 bilhões. O governo tem uma estratégia bem clara e definida para a retomada do crescimento. O caminho é longo, mas estamos empenhados em ser uma das maiores nações do mundo”. 

Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, alertou que é necessário saber onde vão as contas públicas para saber onde ir. “Precisamos fazer reformas estruturais, que têm impacto no crescimento a longo prazo. Questão fiscal é o cerne disso. Precisamos ser ambiciosos para reação na melhoria do ambiente macroeconômico ao mesmo tempo precisamos avançar nos estudos da microeconomia. O ambiente de negócios é difícil no Brasil e impacta nos investimentos das empresas. Por isso, a estabilização macro é tão necessária para o enfrentamento dos inúmeros desafios que temos pela frente”. 

Para Dyogo Oliveira, ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o líder não pode se furtar de liderar.

Decifra-me ou te devoro

O senador Romero Jucá (PMDB/RR) salientou que nunca viu uma crise política como essa. “Queremos rapidez da Lava Jato. Todos estão sendo acusados, caluniados, então queremos a investigação rápida para esclarecer a verdade à sociedade. Estamos em uma situação do desafio da Esfinge de Tebas –  Decifra-me ou te devoro -, em que eliminava aqueles que se mostrassem incapazes de responder a um enigma. Não podemos ficar paralisados por conta dessas investigações. Então, tomamos uma direção da responsabilidade em recuperar três pilares básicos: credibilidade, segurança jurídica, estabilidade. A taxa de juros chegará a 9% no final do ano, já registramos um leve crescimento do  emprego, do PIB, e tomamos medidas como liberação do FGTS, estamos tentando resolver a questão da terceirização, criando uma série de medidas para a sair da recessão. Conclamo os empresários de diversos setores brasileiros para participar desses esforços. Não julguem, participem, pois seremos julgados pela justiça e pelo voto no ano que vem”. 

O ministro da Educação, Mendonça Filho, ressaltou que a alfabetização no Brasil é extremamente débil, os indicadores do IDEB– Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, são críticos, a posição do Brasil no PISA é ruim – todo esse quadro é muito preocupante. “O Brasil investe 6% do PIB em Educação, o que não é pouco, mas investe mal. E como aumentar os investimentos e a qualidade não ser perceptível? Nossa agenda passa necessariamente na alfabetização, formação de professores (orçamento é de 1,8 bilhão/ano), construção da base curricular e por fim, a reforma do Ensino Médio, onde o protagonismo do estudante é o foco dessa estrutura, adotada em vários países desenvolvidos. 

Ives Gandra Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ressaltou que a reforma trabalhista é importantíssima.

Cristina Palmaka, presidente da SAP, relatou que estudos mostraram a relevância da transformação digital no Brasil. “Temos alguns exemplos de sucesso de digitalização do governo de São Paulo, onde há a melhoria da agilidade nos processos, da governança, da promoção da transparência. Elaboramos um manifesto chamado O Brasil digital, sobre a importância da transformação digital brasileira, não só no setor privado, mas no público também”.  

“Vivemos um momento difícil sócio-econômico e ambiental”, disse Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente. “A Amazônia é uma espécie de bomba d’água que distribui água para todo o continente. Ao se referir em proteger a Amazônia, estamos falando em preservar o próprio agronegócio. Por isso a lei do licenciamento é tão importante e necessária tanto para a proteção quanto para a produção”. 

O presidente do Conselho de Administração da CVC, Guilherme Paulus, enalteceu a importância do setor de turismo, que alimenta 52 setores da economia. Atualmente empregamos 7 milhões de brasileiros. O objetivo até 2022 é ampliar de 60 milhões para 100 milhões, em 2022, o número de brasileiros viajando internamente. A expectativa do ministério é que o número de turistas estrangeiros passe dos 6,5 milhões registrados no Brasil no ano passado para 12 milhões, em 2022, e que a receita com os visitantes aumente dos atuais US$ 6 bilhões anuais para US$ 19 bilhões. Trata-se de uma meta ousada. Por isso, precisamos tentar agilizar e facilitar os processos: nas liberações de capital estrangeiro, na entrada do turista ao país – vistos, passaportes”. 

Ives Gandra Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ressaltou que a reforma trabalhista é importantíssima. “Há ônus político e cumprimento o governo pela coragem em promovê-la. Defendo que podemos ter uma CLT mais enxuta e as condições de trabalho fossem discutidas pelos diversos segmentos, pois nem eu, nem os parlamentares temos conhecimentos específicos para julgar ou estabelecer normas”. 

Para Ricardo Barros, ministro da Saúde, tudo o que está incorporado ao SUS deve ser entregue aos brasileiros. “Não podemos entregar produtos e serviços que não estão contratados. O mesmo se aplica aos planos de saúde, o que está em contrato deve ser cumprido, caso contrário, o plano quebra. Tenho certeza que o congresso brasileiro não faltará na validação das reformas”.  

Segundo Cláudio Lottenberg, presidente da UnitedHealthGroup Brasil e do LIDE Saúde, 75% da população utiliza o SUS, e claramente há uma disparidade entre investimentos e gastos na Saúde. “Temos algumas questões importantes a endereçar: temos que investir fortemente em médicos técnicos e principalmente em médicos líderes; o grande desafio do envelhecimento; os investimentos em tecnologia, que devem agregar valor no atendimento.  O que estamos assistindo hoje é o enxugamento do sistema privado em 3,2 milhões de pessoas que deixaram os planos privados inundando o público. Outra questão é a judicialização da saúde, que ultrapassa 10 bilhões de reais em despesas, o que deve ser avaliado, pois o que não está previsto em contrato, não pode ser entregue.  

Carlos Sanchez, presidente da EMS, informou que o segmento da Saúde representa 25% do PIB. “Precisamos dar o próximo passo, o da inovação. A inovação pressupõe assumir riscos e hoje a legislação brasileira não permite isso. Precisamos perseguir exemplos como o FDA e o EMEA para ajudar a destravar o crescimento do setor”, defendeu. 

Pedaladas

ACM Neto, prefeito de Salvador, observou que os prefeitos recebem as cobranças imediatas da população, “mesmo aquelas que não são nossas. Começamos a superar a crise, mas ainda não sentimos. Dilma Rousseff pedalou e quebrou o país. O sistema público fica sobrecarregado por conta das famílias migrarem para dos serviços privados para os públicos, especialmente na Saúde e na Educação. Por isso, não há outro caminho para superarmos a crise a não ser aprovarmos as reformas. E é fundamental que as contas estejam equilibradas e o que estamos fazendo em Salvador”. 

ACM Neto, prefeito de Salvador, observou que os prefeitos recebem as cobranças imediatas da população.

Cláusula de barreira

Ovacionado pela plateia, Nelson Marchezan Jr., prefeito de Porto Alegre, ressaltou que reforma da previdência só é boa se igualar todos os brasileiros. “Tenho visto muita pobreza como prefeito e temos a responsabilidade de mudar isso promovendo uma revolução, que é feita por líderes. Somos responsáveis pela mudança. Os índices de homicídios são assustadores em Porto Alegre, pois a criminalidade não tem burocracia. Todos nós sabemos o que deve ser feito. Temos que acabar com a cláusula de barreira e diminuir de 38 partidos para 8. Temos que acabar com a estabilidade do servidor, que seja corrupto. O Brasil não vai melhorar se não votarmos as reformas agora. Estamos no caos e temos grandes oportunidades”, analisou. 

Tonos verde e amarelo

“Gostaria de me dirigir hoje aos presentes que é chegada a hora de o empresariado apoiar incondicionalmente às reformas. Não é possível imaginar que a força do empresariado seja menor que a república sindicalista. Mobilizem-se, pois a falta de apoio de hoje pode ser o remorso de amanhã. As reformas feitas vão melhorar os investimentos externos no país. E o que mais precisamos agora é gerar empregos, mais renda, mais impostos para as prefeituras. O tonos precisam ser verde e amarelo para que em 2018 nós e nossos filhos não tenhamos vergonha de ser brasileiros”, disse João Doria, prefeito de São Paulo. 

Beto Richa, governador do Paraná, reiterou as palavras de Doria, que pede a mobilização imediata da sociedade no apoio à votação das reformas. “Além disso, há a premente necessidade de investimentos em infraestrutura”. Sobre sua gestão à frente do governo paranaense, Richa destaca que aprofundou medidas de austeridade no Paraná em 2014 para proteger o estado da crise forte que estava por vir. E tudo o que fizemos deu bons resultados. Recentemente, a agência Fitch elevou a classificação do Paraná para AA+, além de outros reconhecimentos, o que nos dão aval para ter acesso a operações de crédito internacionais.Fui eleito para governar para 11 milhões de paranaenses e hoje posso dizer que o Paraná é um exemplo para o Brasil”, finalizou. 

Marcos Troyjo, economista, diplomata e cientista político, alerta que não podemos nos focar somente nas reformas. “Precisamos pensar no futuro tendo vista um cenário em que os EUA serão protagonistas na globalização; o Brasil precisa se consolidar como fornecedor global de proteína e a transição da criatividade para a inovação”. 

Em síntese, Paulo Rabello de Castro, presidente do IBGE, ponderou que a taxa de juros em termos reais não atende à necessidade que o Brasil precisa. E outro ponto é o ajuste fiscal, que é para ontem. Mas os indícios de que o país está melhorando está representada nesta mesa, com os votos à reeleição de ACM Neto, à vitória retumbante em 1º turno de João Doria. A retomada está, de fato, ocorrendo”.  

O tonos precisam ser verde e amarelo para que em 2018 nós e nossos filhos não tenhamos vergonha de ser brasileiros, disse João Doria.

Maior evento corporativo do País, o 16 º Fórum Empresarial conta com a chancela de importantes marcas. O patrocínio é da ONE HEALTH, com apoio do GRUPO BANDEIRANTES e MULTIPLAN e participação de EMBRAER. Participação especial de ACCENTURE, CINE, CYRELA, KPMG, LÍDER AVIAÇÃO, MERCEDES BENZ, REDE D’OR, SOUZA CRUZ, ULTRAFARMA, VERZANI & SANDRINI, com a colaboração de BANCO ITAÚ, BEMIS, GOCIL, LATAM TRAVEL, MICROSOFT, MONT BLANC, SAX, SKY, STEELCASE, TETRAPAK, 3 CORAÇÕES, VIDEOLAR e XP INVESTIMENTOS. São fornecedores AGAXTUR, CATARATAS DO IGUAÇU, CDN COMUNICAÇÃO, CHANDON, ECCAPLAN, MISTRAL E VINCI, ORBITAL, PENALTY, RODOBENS COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL, UPS, VERDE MUSGO e VERO LATTE. As rádios BAND AM, BAND NEWS FM, JOVEM PAN, a EDITORA TRÊS, JORNAL ESTADÃO, PR NEWSWIRE, PROPMARK, REVISTA CARAS, REVISTA LIDE, REVISTA FÓRUM & NEGÓCIOS e TV LIDE são mídia partners.  Além disso, a NIELSEN terá espaço exclusivo no FÓRUM SHOPS. 

SERVIÇO:

O LIDE – Grupo de Líderes Empresariais é uma organização de caráter privado, que reúne empresários em diversos países. O LIDE debate o fortalecimento da livre iniciativa do desenvolvimento econômico e social, assim como a defesa dos princípios éticos de governança corporativa no setor público e privado. Fundado no Brasil, em 2003, o LIDE é formado por líderes empresariais de corporações nacionais e internacionais, que se preocupam em sensibilizar o empresariado brasileiro para a importância de seu papel na construção de uma sociedade ética, desenvolvida e consciente. Atualmente, o Grupo conta com unidades regionais, internacionais e setoriais, totalizando 26 frentes de atuação. Para informações adicionais, basta acessar: www.lideglobal.com.

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