Após três anos seguidos de redução, endividamento das empresas brasileiras voltou a crescer em 2017, aponta Serasa Experian

Empresas estão bem posicionadas para um novo ciclo de crescimento.

O nível mediano de endividamento das empresas brasileiras, após três anos seguidos de redução (2014, 2015 e 2016), voltou a subir em 2017 e atingiu 46,5% dos ativos totais. Dentre os setores pesquisados, a indústria encerrou o ano de 2017 com o maior nível de endividamento: 54,6% dos ativos totais. O setor comercial terminou o ano de 2017 com endividamento de 53,2% dos ativos totais e o setor se serviços com 41,5% dos ativos totais. Por sua vez, o setor primário revelou-se o menos endividado, encerrando o ano de 2017 com 39,1% dos ativos totais. Vale notar que o pico do endividamento empresarial ocorreu no ano de 2013 (55,4% dos ativos totais) culminando um processo de elevação em meio a um contexto econômico que favoreceu não apenas a ampliação excessiva do endividamento empresarial como também do endividamento dos consumidores.

Esses são os resultados apontados pelo estudo inédito da Serasa Experian, que avaliou cerca de 80 mil balanços patrimoniais por ano ao longo destes últimos 10 anos, perfazendo um total de aproximadamente 800 mil demonstrativos financeiros das empresas dos setores primário, industrial, comercial e de serviços da economia brasileira.

De acordo com os economistas da Serasa Experian, com a economia brasileira entrando em crise a partir de 2014, houve um claro esforço da redução dos níveis de endividamentos empresariais abarcando, praticamente, todos os setores. O auge deste processo de redução de endividamento foi o ano de 2016, com o indicador atingindo 45,5% dos ativos totais. Neste sentido, a pequena elevação verificada em 2017 para 46,5% dos ativos totais não pode ser encarada como preocupante, pelo contrário. Com o nível de endividamento bem próximo do menor patamar destes últimos 10 anos, as médias e grandes empresas brasileiras (uma vez que são estas que basicamente fazem parte do universo daquelas que publicam demonstrativos financeiros) estão relativamente bem posicionadas para um novo ciclo de expansão da economia brasileira assim que as condições políticas e econômicas o permitirem.

Setor Primário

Após ter atingido o pico de endividamento no ano de 2015, com índice de 41,4% em relação ao total dos ativos, o setor primário reduziu consideravelmente o seu nível de endividamento ao longo de 2016, atingindo 38,4% do total dos ativos. Já em 2017 houve um pequeno avanço para a casa dos 39,1% do total dos ativos, sendo este índice puxado pelo segmento de agricultura e extração vegetal, cujo nível de endividamento encerrou o ano de 2017 em 39,8% do total dos ativos. Já o segmento de extração mineral terminou o ano com nível de endividamento mediano em 38,9% do total dos ativos.

Indústria

O auge do endividamento do setor industrial foi o ano de 2012 com 59,4% dos ativos totais. De lá para cá, o setor reduziu seu nível de endividamento atingindo 53,9% dos ativos totais em 2016. Em 2017 houve uma leve elevação para 54,6% do total dos ativos.

Dos segmentos industriais, o de bens de consumo semi e não duráveis encerrou o ano de 2017 com o maior nível de endividamento dentre os demais: 56,1% dos ativos totais, mesmo patamar de 2016. Embora seja este o menor patamar de endividamento para este segmento dos últimos 10 anos.

O segmento de bens de consumo duráveis também reduziu ao longo destes anos seu nível de endividamento, atingindo o menor valor em 2016 – 50,8% dos ativos totais – e subindo para 52,6% dos ativos totais em 2017. Provavelmente em função da trajetória declinante das taxas de juros a partir do final de 2016 e seu consequente estímulo ao crédito, este segmento industrial tenha elevado seu endividamento para atender às exigências de maior demanda sobre seus produtos, normalmente comercializados via crédito.

O segmento de bens intermediários teve seu maior nível de endividamento em 2012 – 58,8% dos ativos totais – e reduziu-o fortemente para 52,5% em 2016. Em 2017, a exemplo dos demais segmentos industrias, também exibiu ligeira elevação para 53,4% dos ativos totais.

O segmento de bens de capital registrou seu pico de endividamento em 2013 – 57,6% dos ativos totais – e seu processo de redução também atingiu seu vale em 2016 com 53,2% dos ativos totais. Da mesma forma como os demais segmentos, registrou uma pequena elevação para 54,0% dos ativos totais em 2017.

Comércio

O pico do endividamento do setor comercial foi atingido em 2013 – 63,5% do total dos ativos – no auge do ciclo de expansão de crédito e de acentuado ritmo de endividamento dos consumidores. Com a entrada do país na recessão e com a consequente elevação do desemprego e da inadimplência, tanto o varejo quanto o atacado empreenderam um processo de redução consistente de seus níveis de endividamento.

No caso do comércio varejista o endividamento, que havia atingido 62,0% do total dos ativos em 2013, recuou para 50,6% em 2016 e em 2017 apresentou ligeira elevação para 51,2% do total dos ativos. Por sua vez no comercio atacadista, o endividamento caiu de 73,6% do total dos ativos em 2012 para 71,3% do total dos ativos em 2017.

Serviços

O setor de serviços também passou por uma significativa redução do seu nível de endividamento. A exemplo do setor comercial, também atingira o maior patamar em 2013 com endividamento correspondente a 48,6% do total dos ativos. Entretanto, em 2016 o índice de endividamento já era de praticamente 10 pontos percentuais menor, situando-se em 38,4% do total dos ativos, o menor valor desde 2008. Apesar do aumento observado em 2017, para 41,5% do total dos ativos, este novo patamar é o segundo menor dos últimos 10 anos.

Dentro do setor de serviços, o segmento de energia é o mais endividado com seu índice atingindo 52,9% do total dos ativos em 2017. Convém mencionar que em 2013 este patamar era de 56,8% do total dos ativos, sendo que nos anos de 2008 e 2009 seus níveis de endividamento eram ainda maiores: 57,6% e 58,2% sobre o total dos ativos, respectivamente.

O menor nível de endividamento dentro do setor de serviços é representado pelo segmento da construção civil. Esta encerrou o ano de 2017 com endividamento de 25,0% sobre o total dos ativos (praticamente igual ao 24,7% observados em 2016) e bem menor que os 34,4% verificados em 2013, o maior valor dos últimos 10 anos.

O segmento de telecomunicações também reduziu bastante o seu endividamento ao longo destes últimos 10 anos, passando de 65,4% do total dos ativos em 2011 para 45,9% em 2016. No ano passado, o segmento de telecomunicações registrou uma elevação para 49,0% do total dos ativos.

Por fim, as demais empresas do setor de serviços também conseguiram reduzir seus níveis de endividamento de 2013 para cá. O endividamento mediano recuou de 55,8% do total dos ativos em 2013, o maior valor desde 2008, para 44,8% em 2016, elevando-se para 47,8% do total dos ativos em 2017.

Metodologia

O estudo contemplou as informações constantes das demonstrações financeiras presentes em cerca de 800 mil balanços patrimoniais coletados ao longo dos últimos dez anos – período de dezembro de 2008 a dezembro de 2017 – que integram a base de dados da Serasa Experian. Através destas informações calculou-se, para cada empresa, em cada ano, a estatística de endividamento medida pela soma do passivo circulante mais o exigível a longo prazo, dividindo-se pelo total do ativo. O valor de endividamento para cada segmento/setor corresponde à mediana da distribuição das estatísticas de endividamento das empresas que integram cada segmento/setor.

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