O filme Aquarius, estrelado por Sonia Braga, no papel de Clara, uma ex-jornalista, escritora e crítica musical que vive sua aposentadoria no mesmo edifício, na praia de Boa Viagem, no Recife, há mais de três décadas. Em paredes forradas de discos, livros e história, ela enxerga seu canto não apenas como um teto, mas como parte do pilar que compõe sua própria existência. Mas o futuro bate à porta, os proprietários do prédio lhe fazem propostas para vender seu apartamento e ela, como última moradora, é o entrave para a chegada da modernização.
Assim como a personagem de Sonia Braga, a Clara, muito outros idosos são resistentes quando se trata de deixar a residência na qual passaram a maior parte de suas vidas.
Assim como a construtora no filme, muitos familiares sugerem que os pais se desfaçam de seus imóveis ao envelhecer, seja porque a residência ficou muito grande para eles morarem sozinhos, ou porque a situação financeira apertou e, até mesmo por zelo, devido ao fato deles estarem debilitados e ser perigoso viver por conta própria. “Tirar os pais idosos de casa, seja por interesse, precaução ou por real necessidade, nas questões de saúde mais sérias, pode não ser a melhor opção. É preciso levar em consideração a vontade dos idosos”, esclarece a especialista em qualidade de vida na terceira idade da Senior Concierge, Márcia Sena.
Márcia explica que não é porque envelhecemos que temos que ser tirados do lar que levamos uma vida inteira para construir. De um espaço onde passamos nossos melhores momentos, que cultivamos a nossa memória afetiva. É a nossa casa, o lar que aprendemos a amar, em todos os seus detalhes. E, envelhecer na nossa casa, mantendo os laços com tudo o que importa para nós aumenta a qualidade de vida. É o que prega um conceito difundido na Europa e Estados Unidos, o “Aging in Place”, ou traduzindo “Envelhecimento no lugar”, um sistema que consiste em proporcionar condições para que os idosos continuem vivendo em seus lares com o estilo de vida que escolheram, com a segurança de que necessitam, a independência que merecem e o conforto que eles gostam.
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