Coletivo Estopô Balaio reestreia o espetáculo “Carta 1 – A infância, promessa de mãe” em julho

Na foto Erick Zelaya – Foto: Lúcio Telles

De 01 de julho a 06 de agosto de 2019, o Coletivo Estopô Balaio volta em temporada com o espetáculo “Carta 1 – A infância, promessa de mãe”, com direção de João.Junior e Juão Nyn, no Teatro de Contêiner Mungunzá (R. dos Gusmões, 43 – Santa Ifigênia, São Paulo/ SP).

Durante três anos, o Coletivo Estopô Balaio escreveu cartas na Estação Brás da CPTM, em SP, e lá, em busca da realização de um sonho, apareceu Martha Zelaya, uma imigrante boliviana que queria escrever para um programa de televisão para conseguir cortar e vender o cabelo do filho. Carta 1: A infância, Promessa de Mãe é um biodrama, parte integrante do tríptico teatral Nos Trilhos Abertos de Um Leste Migrante, fruto desse trabalho de escrita de cartas do Coletivo e traz a história de Martha e Erick protagonizando eles próprios suas vidas em cena. A montagem teatral teve estreia em 2017.

Sinopse

O espetáculo narra a trajetória de uma mãe e do seu filho a partir da sua busca por pertencimento e construção de sua autoestima a partir do enfrentamento dos valores identitários da cultura ao qual está inserido como filho de imigrantes bolivianos.

A peça põe em cena Erick, que com 12 anos nunca havia cortado o cabelo por promessa feita por sua mãe Martha, imigrante boliviana, que como muitos foi vítima dos movimentos migratórios em busca de mobilidade econômica e melhorias de vida.

“Carta 1 – A infância, promessa de mãe”

A “Carta 1 – A Infância, promessa de mãe” traz a história de Erick, filho de bolivianos. Já no Brasil, Martha, sua mãe, escreveu uma carta para seu pai (avô de Erick, que estava doente na Bolívia). Martha, com o desejo de rever seu pai na Bolívia, fez a promessa de não cortar o cabelo do filho pequeno enquanto não pudesse voltar ao seu país natal e rever seu pai, para que ele mesmo pudesse cortar o cabelo de Erick. Essa prática cultural boliviana – em que alguém mais velho corta o cabelo da criança e dá a ela um presente – não levava em conta as dificuldades financeiras de Martha voltar à Bolívia e o tempo passou, sem que ela conseguisse cumprir a promessa. O cabelo do menino alcançou um tamanho gigantesco, o que gerou problemas na escola, no bairro e na vida social do garoto.

Quando finalmente a mãe de Erick conseguiu voltar ao seu país com o menino, o avô de Erick não se achou à altura de cumprir a promessa e não cortou o cabelo do neto. Foi então que Erick teve a ideia de oferecer sua história para um programa da TV aberta: o cabelo imenso (media cerca de 1,20m) poderia resolver parte dos problemas financeiros da família. E assim foi que o garoto expôs sua história na TV e conseguiu reformar seu quarto.

A história de Erick se entrelaça com o jogo geopolítico existente entre os países da América Latina e suas relações comerciais, afetivas e de poder. De maneira bem-humorada, Erick e Martha propõem uma reflexão sobre os problemas enfrentados pelos cidadãos latino-americanos: das promessas de lucro fácil (na imigração para o Brasil), à realidade da semiescravidão do setor têxtil, tudo é demasiado real e cruel nessa relação de irmandade com os vizinhos brasileiros.

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