Perigos do aumento da obesidade em tempos de pandemia

 

O coordenador da pós-graduação em obesidade e emagrecimento da Faculdade IDE, Flamarion Elias, explica sobre os riscos que a obesidade traz para a saúde.

A obesidade é uma doença crônica que atinge bilhões de pessoas em todo o mundo.

Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo, a obesidade é uma doença crônica que atinge bilhões de pessoas em todo o mundo. Em solo brasileiro a realidade é preocupante, pois os dados da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em 2019, mostram que em um intervalo de 16 anos o número de pessoas obesas na faixa etária dos 20 anos ou mais dobrou no país. Os números mostram ainda que um em cada quatro adultos apresenta essa comorbidade. Reverter o quadro é difícil, mas com ajuda profissional é possível voltar ao número correto na balança.

Uma pessoa é considera obesa quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) está acima de 30kg/m², segundo o coordenador da pós-graduação em obesidade e emagrecimento da Faculdade IDE, Flamarion Elias. Esse número é encontrado quando dividimos o peso pela altura ao quadrado. Atingir essa média é muito perigoso, pois estar obeso vai muito além da aparência. “A obesidade está intimamente correlacionada a hipertensão, diabetes, dislipidemias, apneia do sono, desregulações hormonais, impotência sexual, desregulação na microbiota intestinal, desregulação no controle da fome e saciedade, quedas de imunidade, desregulações menstruais, infertilidade, câncer, entre outros”, revela o profissional.

É importante estar sempre atento aos números e tomar medidas quando os quilinhos a mais começam a aparecer. Para Flamarion, que atende pessoas obesas e com sobrepeso há 15 anos e é autor de dois livros sobre emagrecimento, quando o IMC passar de 25kg/m² já é preocupante e aí é preciso focar em algumas coisas, como exercícios por exemplo. “Treine com aumento progressivo de intensidade, independente do método de treino, não faça dieta restritiva, nem dieta lowcarb, nem jejum intermitente. Faça exercícios de respiração e crie consciência de cada etapa do processo de emagrecimento”.

Praticar exercícios físicos continua sendo a principal forma de evitar ganhar peso e de perder esses quilinhos a mais que colocam a saúde em risco, principalmente para as pessoas que já estão obesas.“O exercício físico libera um fator neurotrófico chamado BDNF, que aumenta as sinapses entre os neurônios e também mecanismos de neuroproteção. Isso faz com que o obeso se torne mais consciente durante o tratamento da obesidade”, esclarece o docente.

E sobre quais os melhores tipos de treino para esse grupo, o estudioso explica. “Musculação associado com treino aeróbico (esteira, bike, caminhada). Mas o detalhe não está só no método e sim no aumento progressivo de intensidade, ou seja, não adianta fazer musculação e não aumentar a carga. É necessário elevar a intensidade para gerar adaptações fisiológicas que levam a maior queima de gordura”.

Obesidade em tempos de pandemia

Desde que a pandemia começou que muitas pessoas reclamam do aumento de peso durante o isolamento social e mesmo com a flexibilização das medidas sanitários muitos continuaram ganhando peso. Para muita gente esses quilinhos passando já chegou ao último estágio, na obesidade. “Um estudo publicado em 2021 por Bailey e colaboradores mostrou que houve um aumento de 52% no número de pessoas que ganharam peso durante a pandemia. Isolamento, ansiedade, redução do nível de atividade física, excesso de alimentos calóricos, foram algumas das causas”, revela o coordenador da pós-graduação em obesidade e emagrecimento da Faculdade IDE.

A ansiedade por dias melhores tem sido um dos motivos que tem agravado esse quadro. “Ela causa aumento dos níveis de cortisol, adrenalina, o que leva as pessoas a comer mais, dormir mal e se exercitar menos. Neste cenário, ocorre também uma redução da cognição e do poder de planejamento das pessoas obesas, por conta de um processo inflamatório instalado no Sistema Nervoso Central por conta do excesso de gordura”, explica.

Sendo ainda o principal motivo que tem levado muita gente a comer mais, com menos qualidade e a descontar esse sentimento na alimentação, mas isso pode ser perigoso. “Criar um ciclo de autorecompensa e aprender a gostar do prazer momentâneo causado pela comida. Este ciclo é modulado por um neurotransmissor chamado dopamina. As pessoas obesas e ansiosas buscam a sensação de prazer na comida. Só que, quanto mais as pessoas obesas comem, mais os receptores da dopamina ficam resistentes, e isso leva as pessoas obesas a comerem mais pra sentir a mesma sensação. Este processo pode gerar uma compulsão alimentar”, alerta Flamarion.

Tratamento – Mesmo sendo um quadro considerado por muitas pessoas como difícil de reverter, é extremamente importante se cuidar para ter mais saúde e qualidade de vida. “O tratamento contemporâneo é composto por planejamento alimentar, treino, protocolos de redução da ansiedade, monitoramento hormonal, e tratamento medicamentoso (quando necessário)”, finaliza Flamarion sobre como tratar essa doença.

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