Durante os oito anos que Luciane Mello foi conselheira tutelar em Niterói algo a preocupava muito. “ Eu escutava relatos de crianças que tentavam comunicar aos pais que eram abusadas ou que estavam passando situações complicadas no colégio e eram ignoradas”, comenta. Hoje, como consultora, ela não visualiza uma situação diferente e adverte que muitos adolescentes tem medo de relatar para seus responsáveis o abuso , porque já foram até agredidos ao tentar alertar o que estava acontecendo.
Como se comportar diante de uma situação tão difícil, como saber diferenciar o que é fantasia e o que é realidade em um discurso de uma criança. Segundo Luciane, a falta de diálogo na família pode ser um dos principais desafios no combate as questões da violência doméstica. Agora como saber entrar na intimidade do seu filho e não ser invasiva.
MODIFICANDO O PRÓPRIO DESTINO
De origem humilde, Luciane Mello nasceu no bairro da Engenhoca, região Norte de Niterói. O seu temperamento revolucionário começou a aparecer cedo. Eu queria muito saber como poderia modificar o meu destino. Não foi fácil para mim, tinha muitas dúvidas internas e baixa autoestima. Para isso eu teria que estar disposta a ouvir e a me esforçar.”,lembra.
Foi na escola estadual Mullulo da Veiga, onde estudava, que começou a perceber a importância de saber escutar. “Eu gostava de ser ouvinte, de doar meu tempo para de alguma forma ver meus amigos se esvaziarem dos seus problemas. Prestava atenção nas diversas situações que poderiam ter se passado comigo também.”, conta emocionada.
CONSELHEIRA POR AMOR
Já na adolescência, enquanto vários jovens com a mesma idade estavam se divertindo, a preocupação maior de Luciane era procurar alguma forma de ser útil para famílias que perdiam seus filhos para o mundo das drogas.
“Não só os jovens tinham problemas com o vício,muitas famílias passavam fome porque o chefe torrava todo o seu pagamento comprando drogas.Era surreal a realidade de muitos lares.”, narra a autora em um trecho do livro “ Conselheira por Amor”, lançado no ultimo dia 16 de novembro, no salão nobre da Câmara dos Vereadores de Niterói.
Luciana começou a traçar seu caminho para ser conselheira tutelar, depois de muitas experiências em sua comunidade e de superar um câncer. Ela relata detalhes de cada superação de sua saúde, vida financeira e da fase como líder religiosa em uma igreja evangélica. Ela fala também todas as etapas necessárias para quem deseja ser conselheiro tutelar e como é dia a dia da função.
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