Dá para treinar? Especialista explica como exercitar a inteligência existencial

Um dos maiores benefícios da neuroplasticidade é poder reforçar uma habilidade, e a inteligência existencial é uma delas, destaca a auditora e pesquisadora do CPAH, Flávia Ceccato, autora do livro “Descobrindo a Inteligência Existencial: Ferramentas, Insights e Implicações”.
Pessoas com inteligência existencial bem estruturada tendem a lidar melhor com mudanças. (Foto: Freepik/Divulgação)

A inteligência existencial, muitas vezes associada à capacidade de refletir sobre a vida, os propósitos e o sentido das próprias escolhas, costuma ser vista como algo abstrato, quase filosófico demais para ser trabalhado de maneira prática.

Mas essa percepção está mudando. A neurociência tem mostrado que habilidades cognitivas e emocionais podem ser desenvolvidas ao longo da vida, graças à neuroplasticidade, e isso inclui a inteligência existencial.

“Esse tipo específico de inteligência envolve a habilidade de interpretar experiências, identificar valores pessoais, compreender melhor o impacto e o efeito das próprias ações e conectar decisões individuais a uma visão mais ampla de mundo”.

“Pessoas com inteligência existencial bem estruturada tendem a lidar melhor com mudanças, adaptam-se com mais facilidade e tomam decisões mais coerentes com seus objetivos. Isso explica o crescente interesse no tema, especialmente em contextos de liderança, educação, empreendedorismo e saúde mental”, afirma a auditora e pesquisadora do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, Flávia Ceccato, autora do livro “Descobrindo a Inteligência Existencial: Ferramentas, Insights e Implicações”.

Como fortalecer a inteligência existencial?

Para exercitar essa habilidade, o primeiro passo é ampliar a capacidade de observação interna. O processo começa quando a pessoa aprende a reconhecer seus padrões de pensamento, suas reações e os fatores que influenciam suas escolhas.

“Práticas simples, como fazer anotações sobre o próprio dia, identificar momentos de maior tensão ou registrar decisões importantes, ajudam a criar um repertório que facilita análises mais profundas posteriormente”.

Outro ponto muito  importante  para fortalecer a inteligência emocional é desenvolver a consciência sobre os próprios valores. Muitas decisões equivocadas surgem quando alguém age de forma desconectada daquilo que considera mais importante.

“Ao refletir sobre o que faz sentido, sobre o que motiva e sobre o que realmente importa, é possível fortalecer a habilidade de tomar decisões mais alinhadas ao próprio propósito. Essa clareza não apenas aumenta a sensação de coerência interna, como reduz a ansiedade diante de mudanças inesperadas”.

Os seus elementos são a base

A modulação emocional é outro elemento-chave nesse processo. Quando emoções intensas assumem o controle, a reflexão existencial se perde. Aprender a reconhecer limites, identificar gatilhos emocionais e compreender os efeitos do estresse ajuda a manter o equilíbrio necessário para análises mais profundas.

“A prática regular de exercícios contemplativos, como meditação, caminhadas conscientes ou momentos de silêncio, apoia esse processo”, explica Flávia Ceccato.

A inteligência existencial não é um talento raro reservado a poucos. Ela pode ser desenvolvida, fortalecida e integrada ao cotidiano. Com pequenas práticas diárias e uma postura mais reflexiva diante da própria vida, qualquer pessoa pode ampliar essa habilidade e, assim, construir uma trajetória mais coerente, consciente e alinhada ao que realmente deseja.

Flávia Ceccato e seu livro. (Foto: Acervo Pessoal)

Flávia Ceccato Rodrigues da Cunha é uma profissional de perfil acadêmico diversificado e auditora no Tribunal de Contas da União (TCU), com vasta experiência em supervisão financeira pública. Formada em Física pela Universidade Cruzeiro do Sul (2024), complementou sua formação com uma Pós-graduação Lato Sensu em Ensino de Astronomia (2023) e uma Especialização em Intervenção ABA para Autismo e Deficiência Intelectual pelo Centro Universitário Celso Lisboa (2025). Sua trajetória acadêmica também inclui um Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um Mestrado em Regulação e Gestão de Negócios pela Universidade de Brasília (UnB).

Como escritora, Flávia destaca-se pela aplicação da Lei de Benford em auditorias de obras públicas, sendo autora de artigos e do livro Seleção de Amostra de Auditoria de Obras Públicas pela Lei de Benford, que oferece uma abordagem prática e didática para fiscalizadores e pesquisadores. Seu trabalho analisou casos como a reforma do Aeroporto Internacional de Minas Gerais e as construções das Arenas da Amazônia e do Maracanã, focando na identificação de sobrepreços. Além disso, prepara o lançamento de Existential Intelligence: Tools, Insights and Implications para maio de 2025, expandindo seus interesses para além da auditoria, explorando a inteligência existencial e suas aplicações.

Flávia também atuou como analista de finanças e controle na Controladoria-Geral da União e como analista tributária na Receita Federal do Brasil. Membro de sociedades de alto QI e filosóficas, como Mensa Brasil, Intertel, International Society for Philosophical Enquiry (ISPE), VeNus High IQ Society e Infinity International Society, ela é uma palestrante frequente em eventos internacionais, unindo expertise em regulação, cognição e pesquisa interdisciplinar. Atualmente, é pesquisadora no CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e diagnosticada com superdotação profunda.

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