Curso vai fortalecer empreendimentos da população de baixa renda

MDS e Sebrae desenvolveram metodologia inovadora para que beneficiários do Bolsa Família e do Cadastro Único possam estruturar negócios e entender melhor o mercado.

Dalma (esquerda) e Rosa se conheceram no curso FIC MEI e decidiram unir forças para ampliar os negócios.
Dalma (esquerda) e Rosa se conheceram no curso FIC MEI e decidiram unir forças para ampliar os negócios. (Foto: Ubirajara Machado/MDS)

A artesã Rosa Aparecida Evangelista, 58 anos, e a costureira Dalma Batista Prates, 50, decidiram unir forças e abrir um negócio especializado na produção de saias sociais para mulheres executivas. Elas se conheceram durante o projeto piloto do Curso de Formação Inicial Continuada em Microempreendedorismo Individual (FIC MEI), em Belo Horizonte (MG).

Depois de dois meses de aulas, as empreendedoras identificaram um segmento e resolveram investir. “Nunca soube o que era um MEI. Estava pensando até em diminuir o meu trabalho. Depois do curso, só penso em aumentar. Foi uma injeção de ânimo”, conta Rosa.

Com metodologia inovadora, o FIC MEI foi desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para atender a demanda crescente por formalização entre os beneficiários do Bolsa Família e do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. 

O objetivo é auxiliar o empreendedor de baixa renda a entender melhor o mercado, produzir com mais qualidade e elaborar, por exemplo, um plano de negócios – ferramenta importante para orientar e apoiar a gestão de qualquer empreendimento. Para isso, o curso prioriza o desenvolvimento de competências nas áreas de mercado, negócios, cidadania, planejamento e finanças. Além disso, oferece workshops sobre educação financeira pessoal e inovação.

“É uma metodologia nova que consegue transferir conhecimentos sobre gestão para pessoas com até o 4º ano do ensino fundamental”, afirma o diretor de Inclusão Produtiva Urbana do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Luiz Müller.

Com as próprias pernas

A analista do Sebrae e gestora do FIC MEI, Vânia Rego, explica que o curso foi criado para que os empreendedores possam analisar as fragilidades e os pontos fortes dos seus negócios. “O curso mostra que crescer e pagar imposto significa ganhar mais. Ouvimos depoimentos de vários alunos dizendo que deixaram o Bolsa Família porque ganharam mais e passaram a caminhar com as próprias pernas.”

Segundo ela, uma das principais estratégias é “empoderar o aluno para que ele se sinta sujeito da economia do país”. “Antes da formalização, o MEI era alguém que se sentia fracassado numa área e tinha um negócio para tapar um buraco. Na verdade, esses empreendedores são um grupo significativo que movimenta a economia brasileira.”

MDS e Sebrae desenvolveram metodologia específica para atender população com menor escolaridade
MDS e Sebrae desenvolveram metodologia específica para atender população com menor escolaridade. (Foto: Ubirajara Machado/MDS)

Para reduzir a evasão, os professores do projeto piloto monitoraram as faltas, entraram em contato e criaram estratégias de compromisso entre os participantes. “Além do conteúdo técnico e dos bons professores, tivemos o cuidado com as pessoas para que elas pudessem aprender mais e fazer a diferença”, destaca a gerente da Unidade de Capacitação Empresarial do Sebrae Nacional, Mirella Malvestiti. Para receber a certificação é preciso ter mais de 50% de presença em cada bloco ou workshop e menos de oito faltas em todo o curso.

Para participar do Curso de Formação Inicial Continuada em Microempreendedorismo Individual (FIC MEI), o empreendedor deve estar formalizado como MEI e ter ensino fundamental, além de ter feito um curso do Pronatec. Com duração de 160 horas, o FIC MEI é inspirado nas metodologias dos cursos de Bolsa Formação Trabalhador do Pronatec e do programa Mulheres Mil. Os alunos são encaminhados pela assistência social do município.

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