Estudo da USP e do Ministério da Saúde apontam que 16,9% dos jovens já praticaram automutilação. O comportamento já é reconhecido como problema de saúde pública.

O artigo “Automutilação na adolescência e vivência escolar”, publicado na Revista Educação e Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), aponta que o comportamento autodestrutivo deixou de ser episódico e passou a ser reconhecido como problema de saúde pública. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em média, 16,9% dos jovens já praticaram comportamentos autolesivos, o que acende alerta para famílias e escolas brasileiras.
Ferir o próprio corpo é, muitas vezes, a maneira que o adolescente encontra para expressar dores emocionais que não consegue traduzir em palavras, quase sempre invisíveis no ambiente escolar e familiar. Para o psicólogo Jair Soares, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) e doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO), na Argentina, o corpo passa a funcionar como porta-voz daquilo que não foi elaborado internamente. “O corte denuncia o silêncio da alma. O jovem, sem recursos para nomear sua dor, utiliza o corpo como válvula de escape”, afirma.
No Brasil, a automutilação tem se tornado visível em escolas, universidades e redes sociais, exigindo atenção redobrada de professores e famílias. O especialista alerta que a repressão ou a punição não são eficazes. “Quando o adolescente é recebido com medo ou repreensão, a dor se intensifica. O que precisamos é de acolhimento, escuta e investigação terapêutica da origem desse sofrimento”.
De acordo com Soares, o ambiente escolar é um dos primeiros espaços onde os sinais aparecem. “Mudança de comportamento, isolamento, queda no rendimento e até rabiscos em cadernos são alertas que não podem ser ignorados. O professor é muitas vezes o primeiro adulto a notar que algo não vai bem”.
A Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), criada pelo psicólogo e aplicada por profissionais formados no IBFT, tem mostrado eficácia em jovens com comportamentos autodestrutivos. O método atua no reprocessamento de memórias emocionais, reorganizando a forma como o cérebro responde a experiências marcantes.
Para o IBFT, a resposta deve envolver escola, família e profissionais de saúde. “A automutilação não é moda nem frescura. É um pedido de ajuda. Quanto mais cedo for compreendida, maiores as chances de interromper esse ciclo e oferecer ao jovem novas formas de lidar com suas emoções”, diz o psicólogo.
SINAIS DE ALERTA PARA PAIS E PROFESSORES
O especialista alerta que a automutilação raramente começa de forma abrupta. Entre os indícios que exigem atenção, estão:
- Marcas ou cortes frequentes no corpo explicados de forma vaga ou com justificativas repetidas.
- Isolamento repentino, afastamento de amigos, familiares e atividades antes prazerosas.
- Mudanças bruscas de humor, irritabilidade ou apatia prolongada.
- Queda no desempenho escolar, desatenção e falta de interesse por tarefas cotidianas.
- Uso constante de roupas compridas mesmo em dias quentes, para esconder ferimentos.
- Rabiscos, músicas ou postagens que mencionam dor, morte ou autodestruição.
O QUE FAZER?
- Manter diálogo aberto e sem julgamentos, demonstrando disponibilidade para ouvir.
- Procurar apoio especializado, evitando minimizar os sinais.
- Acionar a escola, quando necessário, para que haja acompanhamento conjunto.
- Evitar repreensões ou ameaças, que podem ampliar a sensação de solidão e agravar o comportamento.
“Percebo diariamente no consultório que esses jovens não desejam se ferir, mas sim aliviar uma dor que não conseguem explicar. Quando encontram um espaço seguro para elaborar suas emoções, descobrem que é possível viver sem recorrer à automutilação. É isso que me motiva: mostrar que há outro caminho, mais humano e viável”, conclui Soares.
SERVIÇO:
IBFT
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