Especialista traz a visão da medicina chinesa sobre o suicídio

A família pode e deve ajudar: é muito importante que familiares ou pessoas próximas prestem atenção nos pequenos sinais, como princípio de depressão, embotamento social e introspecção.

Para os religiosos, um pecado; para os médicos, uma patologia. E, para a maioria da sociedade, um grande tabu. Assim é visto o suicídio, que, apesar de ser uma questão de saúde pública e alvo principal da Campanha Setembro Amarelo – que tem o objetivo de conscientizar sobre a valorização da vida -, ainda não é discutido como deveria, se tornando um mal silencioso. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 800 mil pessoas se suicidam no mundo e, a cada 40 segundos, uma pessoa tenta se matar. No Brasil, são 32 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer.

Na visão da Medicina Chinesa, tanto a saúde quanto a doença – ou a vida e a morte – fazem parte do mesmo aspecto e precisam ser considerados em sua plenitude. “Negar pensamentos suicidas não é eficaz, negar sentimentos depressivos não é efetivo. É muito importante que qualquer pessoa possa conversar para tentar resolver as próprias emoções. Não adianta só falar para quem está sofrendo pensar positivo. Isso não funciona no estado depressivo. As pessoas precisam se preocupem em interagir com as outras, de uma forma mais autêntica, vivencial e presencial. Estamos cada vez mais solitários. A agitação faz com que haja pouca interação presencial. Nós interagimos muito mais virtualmente e o mundo virtual não permite a emoção”, afirma a Dra. Márcia Lika Yamamura, diretora do Centro de Estudo e Pesquisa da Medicina Chinesa.

Para a especialista, o suicídio é somente um desfecho de um processo que vem acometendo a pessoa durante um longo período. Diante disso, é muito importante que familiares ou pessoas próximas prestem atenção nos pequenos sinais, como princípio de depressão, embotamento social e introspecção. “Todo mundo dá sinais de depressão e doenças. Assim, é muito melhor ajudar alguém no início do processo e não no final”, comenta a Dra, fazendo um alerta aos pais. “O combate deve começar lá na base, na infância. Converse muito com o seu filho, saiba o que passa na cabeça dele, já que tudo, desde a barriga da mãe, está sendo registrado em sua memória e vai ser armazenado como uma emoção. É importante que todos saibam que a partir do momento em que é elaborado de forma inconsciente que não vale a pena viver nós estamos deflagrando o processo de adoecimento”, diz.

 Outro ponto ressaltado por ela e que deve ser considerado é a maneira que as pessoas enxergam quem está do lado, seja os pais, filhos, companheiros e até ela própria. “Muitas vezes olhamos para tudo o que é externo e não olhamos para dentro. As emoções e tudo de ruim que passamos ao longo da vida vão sendo ‘engavetando’ e isso tem um preço. Muitas vezes a mente elabora que não vale a pena viver. Chegar à conclusão que vale a pena morrer pode num estágio muito precoce provocar uma doença de algum órgão interno. Essa é a filosofia da medicina chinesa. Quando nós pensamos ‘perdi a alegria de viver’, ‘para que viver?’ ou ‘por que Deus não me leva’, nós já estamos doentes há algum tempo”, explica.

O que muitas pessoas também não se dão conta é que a Acupuntura, uma das esferas da medicina chinesa, é também um importante aliado na redução de danos e prevenção do suicídio. Ela age na desordem mental, através da coordenação entre o yin (negativo) e o yang (positivo), além de ser um método efetivo contra a depressão, que é o gatilho que mais contribui para uma pessoa tirar a própria vida.

FONTE: Dra. Márcia Lika Yamamura – Professora Colaboradora do Setor de Medicina Chinesa-Acupuntura da Disciplina de Ortopedia do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da UNIFESP / EPM. Supervisora do PRM Acupuntura da UNIFESP. Mestre em Epidemiologia pelo Departamento de Medicina Preventiva da UNIFESP. Diretora Científica do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA). Diretora do Center AO (Centro de Estudo e Pesquisa da Medicina Chinesa).

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