Turismo religioso ganha espaço no Nordeste

A região celebra destinos que ganharam visibilidade, entre eles, Santa Cruz dos Milagres (PI), Bom Jesus da Lapa (BA); Canindé e Juazeiro do Norte (CE). Mais de 17 milhões de brasileiros viajaram motivados pela fé no ano passado.
A região celebra destinos que ganharam visibilidade, entre eles, Santa Cruz dos Milagres (PI), Bom Jesus da Lapa (BA); Canindé e Juazeiro do Norte (CE). 
Mais de 17 milhões de brasileiros viajaram motivados pela fé no ano passado.

Por Carolina Valadares – ASCOM/MTur

O turismo religioso movimenta um número cada vez maior de peregrinos pelo país. Estima-se que 17 milhões de brasileiros tenham viajando no ano passado pelo Brasil motivados pela fé. Dois anos antes, esse número era de 3,94 milhões de viagens domésticas. O Nordeste reúne pelo menos 250 manifestações religiosas que mobilizam turistas, sendo a região brasileira com o maior número de procissões, romarias e celebrações religiosas do país. Alguns destinos turísticos, como Santa Cruz dos Milagres, a quase 200 Km da capital Teresina (PI), têm se firmado como ponto de peregrinação. Mais de 100 mil turistas por ano passam alguns dias no município em busca de bênçãos e milagres. Eles visitam, especialmente, uma cruz no alto de um morro, onde um beato previu que a região seria fonte de milagres futuros.

“O santuário de Santa Cruz dos Milagres é o único do Piauí reconhecido pelo Vaticano para a peregrinação. A cidade tem a terceira maior romaria do Nordeste, ficando atrás de Juazeiro, na Bahia, e Canindé, no Ceará”, afirma o turismólogo Hildengard Alves, da Câmara Municipal de Turismo de Santa Cruz dos Milagres. Ainda no Piauí, a cidade de Oeiras também se destaca durante a Semana Santa, na encenação da Paixão de Cristo e durante a Procissão do Fogaréu. Marcada pela arquitetura portuguesa, Oeiras foi a primeira capital do Piauí.

Em Santa Cruz, no mês de maio (1 a 3), é celebrada a Invenção da Divina Santa Cruz, que atrai cerca de 20 mil pessoas ao município. “Os romeiros ajoelham-se e beijam o chão 100 vezes”, conta Hildengard Alves. Em setembro, a Festa da Santa Cruz dos Milagres atrai o dobro de romeiros, segundo dados da cidade, quando a festa dura nove dias e as novenas são rezadas na Igreja Matriz. Em novembro, no segundo final de semana, ocorre o encontro dos santos padroeiros, com viajantes de várias partes do Nordeste e do país, em busca de realizações, como a chuva em períodos de forte estiagem.

Em Canindé, no Ceará, milhares de fiéis vêm de todo o país para uma romaria, especialmente entre 29 de setembro e 4 de outubro. A Basílica de São Francisco, construída no início do século XX, a estátua de São Francisco das Chagas e um museu do santo são as principais atrações religiosas da cidade. Os peregrinos chegam à cidade de carro, ônibus e até mesmo a pé. Na igreja, uma surpresa: uma exposição de esculturas rústicas feitas em madeira que retratam, principalmente, órgãos do corpo humano, oferecidos à igreja como homenagem por uma graça recebida ou promessa cumprida.

Juazeiro do Norte, também no Ceará, é outro ponto de peregrinação e recebe cerca de 2,5 milhões de devotos de Padre Cícero por ano. São, em média, 500 mil somente na Romaria de Finados, no dia 2 de novembro, de acordo com a Prefeitura de Juazeiro do Norte. A cidade, na região do Cariri, tem uma estátua do “Padim Ciço”, como é conhecido, de 25 metros de altura, no alto da Colina do Horto. Foi em Juazeiro, como sacerdote, que Padre Cícero viveu por mais de sessenta anos, até sua morte, e onde ganhou fama de milagreiro. Juazeiro tem ainda o Museu Vivo, que conta a vida do padre e fica bem ao lado da famosa estátua.

A capital baiana da fé, como é conhecida Bom Jesus da Lapa, recebe romeiros durante todo o ano. Atualmente, o período mais movimentado vai de junho a janeiro, quando o município recebe 1,5 milhão de visitantes, de acordo com a prefeitura. Uma das mais importantes romarias é a da Terra ou das Missões, que começa em julho. Ainda na Bahia, Juazeiro celebra a manifestação religiosa dos Penitentes de Juazeiro durante a quaresma. Fiéis andam nas ruas cobertos por lençóis brancos, deixando apenas o rosto descoberto, para fazer orações pelas almas dos mortos. A tradição tem mais de 100 anos.

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