Tempo seco e altas temperaturas podem aumentar riscos aos jogadores que atuam em partidas às 11h

Segundo fisiologista do Sport Check-up do HCor, em São Paulo, tais condições climáticas podem provocar casos agudos de desidratação capazes de comprometer não só o desempenho, mas também a integridade muscular e até neurológica dos atletas.

Neste fim de semana, os termômetros devem estar acima dos 30º em muitas cidades do Brasil, enquanto a umidade relativa do ar em algumas regiões do país já gira em torno de 30%.
Neste fim de semana, os termômetros devem estar acima dos 30º em muitas cidades do Brasil, enquanto a umidade relativa do ar em algumas regiões do país já gira em torno de 30%.

Embora sejam um sucesso de público, os jogos realizados às 11h pelo Campeonato Brasileiro têm gerado uma série de preocupações por parte de médicos e fisiologistas. Isso porque, apesar de estarmos há meses do verão, as partidas marcadas para esse horário têm ocorrido sob um calor cada vez mais intenso, devido ao constante aumento de temperatura em boa parte do país e ao tempo seco decorrente da falta de chuvas, principalmente, no estado de São Paulo.  

Neste fim de semana, por exemplo, os termômetros devem marcar temperaturas acima dos 30º em muitas cidades do Brasil, enquanto a umidade relativa do ar em algumas regiões dentro do território nacional tem girado em torno de 30%, o que é preocupante, já que a OMS considera valores abaixo de 60% inadequados para a saúde. “Esse cenário proporciona um risco ainda maior para a ocorrência de casos agudos de desidratação que podem comprometer não só o desempenho, mas também a integridade muscular e até neurológica dos atletas”, diz o fisiologista do Sport Check-Up do HCor, Diego Leite de Barros, em São Paulo.

Elevação da temperatura corporal

Segundo Diego, jogadores profissionais atingem o limite de sua capacidade física, quando disputam uma partida – o que eleva bastante a sua temperatura corporal. Para evitar um superaquecimento, o organismo do atleta produz uma grande quantidade de suor que, ao evaporar, resfria o corpo. “Com um calor cada vez mais intenso, a sudorese gerada para diminuir a temperatura precisa ser ainda maior. Isso favorece um quadro acelerado de desidratação que gera perda não só de líquido, mas também de sais minerais como potássio e sódio. Caso a reposição dessas substâncias não seja feita em intervalos regulares – o que é difícil, já que o jogador não pode se ausentar da partida por muito tempo ou com mais frequência –, o atleta pode sofrer síndromes como hiponatremia e hipertermia”, afirma o fisiologista do HCor.  

Diego explica que, no caso da hiponatremia, as consequências mais sérias são para o sistema muscular. Em função da falta de sódio e potássio, as fibras musculares ficam menos flexíveis e tendem a se romper com mais facilidade. “Isso pode facilitar a ocorrência de diferentes tipos de lesões entre os jogadores e comprometer o rendimento deles durante o campeonato. Por isso, é importante que o departamento médico dos clubes programe a reposição de líquidos e sais minerais de cada jogador – geralmente, feita por meio de isotônicos –, levando em conta as condições climáticas que eles enfrentarão dentro de campo”, aconselha o fisiologista.

Já no caso da hipertermia, as complicações podem ser ainda mais sérias. De acordo com Diego, quando a temperatura ambiente fica acima dos 30ºC, a perda de calor se torna extremamente difícil, enquanto o jogador está em campo, mesmo com aumento da sudorese. Consequentemente, a temperatura corporal sobe cada vez mais. “Caso não seja controlado, esse quadro pode gerar, além de vômito, mal-estar tontura e distúrbios visuais que comprometem o desempenho do jogador em campo, lesões no sistema nervoso central, caso as células nervosas sejam afetadas por esse processo”, revela o fisiologista do HCor. “Por isso, é imprescindível que haja máxima atenção em relação à saúde dos atletas sempre que eles forem expostos a níveis elevados de calor”, alerta.        

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