Pais têm papel fundamental para manter, desde cedo, filhos longe da dependência química, diz psiquiatra

Estatuto da Criança e do Adolescente completou 27 anos no dia 13 de julho.

Educação, bons exemplos e hábitos saudáveis em casa revelam-se boas formas de evitar que o fantasma das drogas – e também transtorno de jogo – transforme-se em um inimigo verdadeiro.

Você poderia imaginar que, ainda na infância, a partir dos costumes dos pais junto aos filhos é possível estimular a prevenção à dependência química? Aliás, crianças e adolescentes são o público mais exposto ao risco da adicção. Educação, bons exemplos e hábitos saudáveis em casa revelam-se boas formas de evitar que o fantasma das drogas – e também transtorno de jogo – transforme-se em um inimigo verdadeiro.

A psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do setor de Dependência Química da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif, chama a atenção para os cuidados a serem tomados a propósito do Dia do Estatuto da Criança e do Adolescente, nesse 13 de julho. “Uma pessoa só pode ser levada à dependência quando está exposta a recompensas ou prazeres instantâneos”, explica Analice. “Drogas dão prazer instantâneo. Alguns jogos, também”.

Dentro desse contexto, torna-se importante estimular hábitos que não gerem recompensas imediatas a crianças e adolescentes. Desde o contato precoce com o tabaco ou o álcool até o estímulo ao convívio com a família e amigos saudáveis e aos esportes. É na adolescência que mais vale o ditado “dize-me com quem andas que te direi quem és”. Tudo isso ajuda.

“Os pais precisam acompanhar de perto os estudos dos filhos. Além disso, devem dar bons exemplos. Eles também têm de adotar práticas saudáveis. Como você vai dizer para o seu filho que drogas fazem mal, se você fica bêbado na frente dele? Como irá alertar que fumar faz mal, se você fuma? Piaget dizia que dar o exemplo não é a melhor maneira de educar: é a única. O dia a dia em casa é fundamental para o futuro dos filhos”, enfatiza Analice Gigliotti.

A especialista explica como funciona, em nível cerebral, o mecanismo da dependência:

“Todos nós temos, no cérebro, o Núcleo Accumbens, na região subcortical, que faz parte do centro de recompensa e busca o prazer. Por outro lado, nosso córtex pré-frontal, uma instância cerebral mais evoluída, atua como uma espécie de freio para esses prazeres. Ou seja: a parte mais primitiva diz ‘Eu quero’, e a outra diz ‘Não devo’. Alimentar uma enfraquece a outra”.

Números

Pesquisas feitas no Brasil e no exterior mostram a importância da família na prevenção à dependência química. Um estudo realizado em 2011 na Universidade de Maringá, no Paraná, conclui que o ambiente familiar pode apresentar vários aspectos considerados desfavoráveis e que atuariam como elemento facilitador ao uso de drogas, incluindo o temido crack.

A mais recente edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada pelo IBGE, traz dados relativos ao ano de 2015 e mostra o aumento do índice de adolescentes que já experimentaram bebidas alcoólicas e drogas ilícitas no Brasil. O trabalho, realizado com estudantes concluintes do 9º ano em escolas públicas e privadas de todo o país – a maioria entre 13 e 15 anos – mostra que subiu de 50,3%, em 2012, para 55,5% em 2015 a taxa de jovens que já consumiram álcool. Entre os que usaram substâncias proibidas, o índice aumentou de 7,3% para 9%.

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